sábado, 1 de novembro de 2008

Sabias que... (IV)

Acredita em fantasmas? Não? Mas, de certeza já ouviu falar deles e de certeza que conhece alguém que já os viu… Todos têm uma opinião acerca de fantasmas e aparições, quem são, de onde vêm, porque é que aparecem, se fazem mal, se fazem bem, se é real, se é fantasia…
O meu avô tinha uma opinião muito peculiar sobre os fantasmas que sempre achei interessante. A primeira vez que a ouvi era ainda pequena e foi no dia em que acordei a gritar por causa de um pesadelo. Corri para o quarto dos meus avós ainda meio a dormir e com as lágrimas a correrem de medo, tal como eu, quando alguém me agarrou no meio do corredor. Ainda me debati tentando libertar-me do pesadelo que conseguira apanhar-me, quando ouvi ao meu ouvido, para grande alívio meu «Shsss, é o avô...», sossegando-me, enquanto sentia que me pegava ao colo e me abraçava, confortando-me da minha má experiência.
Depois de me levar para a cozinha oferecendo-me o tradicional copo de leite quentinho para acalmar, o meu avô ouviu pacientemente o meu pesadelo. Do pesadelo nada me recordo para além de que teria sido medonho, com certeza, mas sei que foi nessa altura que me perguntou «Sabias que enquanto sonhas podes estar a assombrar alguém?». Aquilo não me pareceu nada justo. Quem se assustou com o sonho, ou melhor, pesadelo fui eu. O meu avô continuou ignorando os meus pensamentos, empurrando somente a chávena em direcção à minha boca para não me esquecer de beber o leite. «É verdade! Enquanto sonhamos visitamos lugares que nunca vimos e pessoas que não conhecemos. Na verdade essas pessoas existem, existiram ou existirão e nós estamos mesmo a assombrá-las.» Não me parecia muito certo, nem me estava a ajudar a acalmar... muito pelo contrário. Acho que o meu avô percebeu as minhas hesitações e continuou: «Claro que nem sempre nos vêm e podem mesmo nunca nos ver. É preciso ter uma presença física muito forte e sólida para que nos vejam. Mas, assim como tu sonhas, e enquanto o fazes podes estar a aparecer como se fosses um fantasma a alguém, outras pessoas sonham e podem te assombrar.». «O quê, avô?», perguntava eu mais assustada que incrédula, «Se eu sonhar contigo, tu podes ver-me? E ficas com medo de mim?». O meu avô riu com vontade e explicou, recostando-se na cadeira velha mas de boa madeira, «Não é simples de compreender… mas repara, podes sonhar hoje, mas eu só te verei daqui a uns anos…». Parou para ver a minha cara, pois sabia que esta afirmação baralhava-me mais ainda. «Vejamos um exemplo, tu sonhas hoje comigo e no sonho vês-me mais velho, isso quer dizer que quando for mais velho é que poderia te ver, se a tua presença fosse fisicamente forte, como te expliquei há pouco… Ou seja, os sonhos permitem-te viajar pelo espaço e pelo tempo. Olha, lembras-te do Sr. Antoninho?». Perguntou-me ele, lembrando-se de mais um exemplo. Eu lembrava-me do Sr. Antoninho como o velho rezingão e barbudo que gostava muito de conversar com o avô, mas que não gostava do nosso cão, afastando-o sempre com os pés cada vez que ele se aproximava para o cheirar. Não simpatizava nada com ele e já o imaginava facilmente como uma assombração… «O Sr. Antoninho teve uma experiência dessas. Durante anos teve um sonho recorrente em que visitava uma casa. Conseguia descrevê-la na perfeição, de tantas vezes que já a vira, embora não a conhecesse nem fizesse a menor ideia da sua existência. Até que um dia, em visita ao seu filho na Inglaterra, enquanto procuravam casa, porque este ia casar e pretendia comprar uma, encontrou aquela que via nos seus sonhos. Reconheceu-a imediatamente, descrevendo-a antes de entrar, deixando os seus familiares muito surpreendidos, porque de facto, ao entrarem na casa, o Sr. Antoninho tinha acertado na sua caracterização. Era a casa com que tinha sonhado fazia anos. E mais surpreendidos ficaram quando os donos da casa, que estavam presentes, o viram e o reconheceram, imediatamente, como o homem que andava a assombrar a casa, motivo pela qual a pretendiam vender.» O meu avô ria-se. Continuava a achar graça a esta história antiga que o Sr. Antoninho lhe havia contado, porém não se ria de desdém, até porque, como já vos contei, o meu avô acreditava nestas coisas, mas pela a infeliz coincidência. Imaginámos a cara do casal quando viram o Sr. Antoninho e não conseguíamos parar de rir. Ri tanto que esqueci o meu pesadelo e voltei para a cama onde o meu avô aconchegou as cobertas, despedindo-se com um beijo na testa.
Hoje sei que esta teoria existe e é defendida por muitos investigadores psíquicos. Há vários relatos de histórias semelhantes à do Sr. Antoninho e outras que são também conhecidas como premonições. A maioria das aparições envolve apenas uma testemunha, mas cerca de um terço foram vistas por várias pessoas.
Pode ser uma teoria para explicar o sonho ou pode ser uma teoria para explicar o sono, pois, como se sabe, ainda não está clarificado ou provado cientificamente porque é que o ser humano necessita dormir. Sabe-se que é essencial para o bem-estar e para a saúde, mas a questão mantém-se e ninguém sabe ao certo. O facto é que as histórias de fantasmas são tão antigas quanto a existência humana, sempre as houve e sempre as haverá. Acredite-se ou não…
Nunca pensei que o meu pesadelo levasse a esta descoberta. Mesmo você, que não acredita, tem que concordar que é uma teoria interessante. Deixa-nos a pensar. A mim deixou...
Desde então, quando acordo, tento lembra-me o que sonhei, por vezes com dificuldade, acho que o nosso cérebro nos poupa um pouco destas experiências paranormais… mas sempre me preocupa se assombrei alguém naquela noite. Já quando adormeço, procuro pensar que estou em jardins espaçosos, só rodeada de árvores e flores, sem ninguém por perto para assombrar, porque, como diz o sábio e velho ditado, “Mais vale prevenir que remediar”. Ás vezes funciona, outras não. Aproveito para me desculpar sinceramente se meti medo a alguém… e, já agora, peço a todos os que me conhecem ou não… tente não sonhar comigo… por favor!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Uhhhh já assombrei o Nick Carter!!!! ;D
Gostei muito desta (sabes que gosto destas coisas paranormais... e não é só por causa do Sam e do Dean Winchester... ;) Hummm talvez tente sonhar com eles esta noite... ahah.)
Bjos

David disse...

ADorei! Será que o meu pior pasadelo aconteceu assim. Bem só se uma bruxa sonhou comigo!