sábado, 18 de abril de 2009

Sabia que... (VI)

Sabias que... o rosto não engana!


Existe uma técnica ou uma arte, como é por alguns considerada, de interpretação de carácter, personalidade e estado de saúde das pessoas, através do rosto, conhecida por fisiognomonia (ou fisiognomia). Giovanni Battista Della Porta (1538-1615) ou Johann Kaspar Lavater (1741-1801) foram conhecidos fisiognomistas com técnicas impressionantes de interpretação de carácter e de adivinhação do futuro, com obras publicadas e exaustivamente estudadas.

Estes investigadores não foram, porém, os primeiros fisiognomistas. Os rostos humanos já fascinavam os povos da Babilónia, os Egípcios ou a antiga China, onde esta arte surgiu há mais de 2000 anos como auxiliar da medicina. Foi Charles Darwin (1809-1882) a primeira pessoa a dar um carácter científico às expressões das emoções dos homens e animais. Em 1872, traçou as leis gerais que regem a expressão em todo o reino animal, com a sua obra The Expression of the Emotions in Man and Animals. Assim, ao longo dos séculos, curiosos, estudiosos, médicos ou cientistas utilizaram a fisiognomia para interpretar e conhecer uma pessoa. Como exemplo, desde o século XVIII, que alguns fisiognomistas utilizavam o seu método para detectar características criminosas, acreditando que certos traços físicos correspondiam a certas perversões mentais, porém, esta vertente não sobreviveu à análise moderna.
Embora a fisiognomia ainda tenha conotações de charlatanismo, a ideia de que o físico e a personalidade estão ligados não pode ser completamente rejeitada. Existem, actualmente, provas científicas que corroboram a relação entre as características corporais e faciais com as psicológicas. A investigação ao nível genético e embriológico confirmam que os genes desempenham um papel predominante no desenvolvimento do rosto. Por exemplo, o síndroma de Down, que devido a uma alteração cromossómica, está associado a características faciais facilmente identificáveis.
«O rosto não engana!» Poderia ser o lema dos fisiognomistas que acreditam poder descrever a personalidade de uma pessoa que não conhecem. Todos temos um pouco de “fisiognomista” em nós, pois, quem nunca avaliou ou julgou outra pessoa pela aparência? Não há nada de científico nisso, apenas uma reacção puramente humana, racional e elementar. Facilmente julgamos os outros pelas suas expressões. Aliás, desde bebés que interpretamos as expressões dos pais, sendo esta, a forma de comunicação possível em tão tenra idade. A tristeza, a alegria, a fúria, o desânimo, a paixão, a desilusão, etc., são sentimentos difíceis de disfarça, porque facilmente se revelam no rosto de uma pessoa.
Mas, a fisiognomia vai mais longe, baseia-se numa análise não só a partir do rosto, mas de um conjunto de sinais visíveis no corpo, cabeça, pele, voz, mãos, gestos, estado psicológico, etc., resultando mesmo, na área da fisiognomia medicinal, num diagnóstico de várias doenças.
De uma maneira geral, em outras vertentes desta temática, acredita-se que um rosto oval, olhos afastados, testa grande e larga é sinónimo de pessoa imaginativa; testa baixa e pequena, avareza; sobrancelhas grossas e bem desenhadas mostram uma personalidade forte; sobrancelhas horizontais, virilidade; maçãs do rosto arredondadas, ideias próprias; nariz recto com ponta arredondada, grande capacidade de ganhar dinheiro; boca grande, pessoas francas e impulsivas; boca pequena, pessoa pouco sensível; lóbulo da orelha grande, tendência para o materialismo; olhos grandes, pessoa calma, mas enérgica; olhos pequenos e arredondados, pessoa curiosa; um rosto feliz reflecte harmonia e prosperidade; etc., etc… Um exame rápido ao espelho dá-nos algumas destas características, mas, espere… Antes de recorrer à cirurgia plástica, lembro que é o interior físico e emocional que se reflecte no exterior… O rosto não engana, mas a paz de espírito também não!


Março/2009